Renato Negrão
Odisseia Vácuo, por Júlia de Carvalho Hansen.
Estou faz dias pra falar sobre minha paixão por este “Odisseia Vácuo” do Renato Negrão, que já li e reli algumas vezes, sempre aprendendo e me divertindo também. O Renato escreveu um poema ritmadíssimo nos vazios e nas lacunas, versos que são elaborados como discursos sobre literatura e história só que sempre esburacados e lacunares nos momentos que algum sentido ou paradigma ou referência se colocaria ali, anunciando uma falta permanente de paradigma ou definição.
Inteligente e estrutural, onde a naturalização desses discursos fecharia o sentido em alguma interpretação ou referência, o poema do Renato abre, desloca o sentido para o vazio dele, desestabilizando o estável, rindo do previsível, recusando o definido. Eu leio o Odisseia Vácuo como um fundamento de época, tanto porque é irônico como porque é seríssimo, refletido, pensado, abstrato, conceitual e tão lúdico. Um tesouro. Ainda mais nessa edição de autor que abre como uma sanfona.
